Klabin S.A.: Queda nas Ações e Oportunidade de Investimento?
Se você acompanha o mercado acionário brasileiro, certamente já ouviu falar da Klabin S.A., uma das companhias mais tradicionais listadas na B3. Com mais de um século de atuação, a empresa consolidou-se como uma das líderes no setor de papel e celulose, operando com um modelo de negócios integrado, diversificado e fortemente comprometido com a sustentabilidade.
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Recentemente, a Klabin voltou a ser pauta entre analistas e investidores devido à expressiva desvalorização de suas ações. Em janeiro de 2025, os papéis da companhia estavam cotados próximos de R$ 5,00, mas em um intervalo de apenas quatro meses, esse valor recuou para cerca de R$ 3,60.
Diante desse movimento, a pergunta que muitos investidores se fazem é: essa queda reflete mudanças estruturais na empresa ou estamos diante de mais um típico movimento de mercado, que pode representar uma excelente janela de entrada para aquisição de ativos de qualidade com desconto?
Para responder a essa questão com propriedade, é fundamental analisar os fundamentos da empresa, seus resultados financeiros, estratégias de longo prazo e o contexto macroeconômico atual. A Klabin, mesmo em cenários desafiadores, tem demonstrado resiliência e capacidade de adaptação, mantendo-se competitiva em um setor intensivo em capital e sujeito à volatilidade dos preços internacionais de celulose e câmbio.
A geração de renda da Klabin
1. Produção e Venda de Papel e Celulose
a) Celulose
A Klabin é a única empresa no Brasil a produzir, na mesma planta industrial (Puma, no Paraná), três tipos de celulose:
Celulose de fibra curta (eucalipto) – usada para papéis sanitários, de impressão, etc.
Celulose de fibra longa (pínus) – usada para papéis mais resistentes (sacos, embalagens).
Celulose fluff – usada em fraldas, absorventes, e produtos higiênicos.
🔹 Como gera renda: A celulose é vendida tanto no mercado interno quanto exportada, sendo a exportação uma fonte significativa de receita, com preços atrelados ao dólar.
b) Papel
A Klabin produz diferentes tipos de papel a partir da celulose:
Papel kraftliner e sack kraft – usados para embalagens de alta resistência.
Papel cartão – usado em embalagens de alimentos, cosméticos, farmacêuticos.
🔹 Como gera renda: Venda para empresas que produzem embalagens ou usam papel diretamente em seus produtos. Também exporta papéis para América Latina, Europa, Ásia e EUA.
2. Embalagens de Papelão Ondulado
A Klabin fabrica embalagens prontas para diferentes segmentos:
Alimentos e bebidas
Produtos químicos
Higiene e limpeza
Frutas e carnes
Essas embalagens são feitas a partir do papel kraftliner e do papel reciclado que ela mesma produz.
🔹 Como gera renda: Venda direta ao mercado B2B (business to business), com contratos de fornecimento para grandes indústrias (Nestlé, Ambev, BRF, etc.).
🌱 3. Ativos Florestais e Sustentabilidade
A Klabin possui florestas plantadas e áreas de preservação, o que reduz seus custos com matéria-prima e permite gerar créditos de carbono.
As florestas de pínus e eucalipto são cultivadas para alimentar as fábricas com matéria-prima renovável.
A empresa também tem áreas de conservação nativa (mais de 40% de suas terras).
🔹 Como gera renda:
Economia com matéria-prima (integra verticalmente a cadeia).
Comercialização de créditos de carbono e projetos de valoração ambiental.
Certificações ambientais (FSC®, PEFC) valorizam seus produtos no exterior.
⚡ 4. Energia Elétrica
A Klabin gera energia elétrica a partir de biomassa e resíduos do processo industrial (como a lignina). A unidade Puma é autossuficiente em energia e ainda exporta o excedente para a rede.
🔹 Como gera renda: Venda de energia excedente no mercado livre de energia.
🚢 5. Exportações
Boa parte da receita da Klabin vem da exportação de celulose e papéis, com destaque para:
América do Norte
Europa
Ásia (principalmente China)
🔹 A empresa se beneficia com a valorização do dólar, já que seus custos são majoritariamente em real.
💹 6. Investimentos e Participações Estratégicas
A Klabin investe em pesquisa e desenvolvimento, inovação em embalagens e sustentabilidade.
Também possui operações logísticas integradas, como terminais portuários e sistemas de transporte (ferrovia e rodovia).
🔹 Esses ativos otimizam custos, aumentam a eficiência logística e criam oportunidades de receitas indiretas.
Nova Política de Dividendos da Klabin: Redução Reflete Prioridade na Desalavancagem?
Durante a apresentação de resultados do quarto trimestre de 2024, a Klabin S.A. anunciou uma importante mudança em sua política de distribuição de proventos. A atualização, comunicada oficialmente à imprensa e aos investidores, estabelece uma redução nos percentuais destinados à distribuição de dividendos e juros sobre capital próprio (JCP).
A política anterior previa a distribuição de 15% a 25% do EBITDA Ajustado, enquanto a nova diretriz reduz esse intervalo para 10% a 20% do EBITDA Ajustado. Essa mudança sinaliza uma estratégia mais conservadora por parte da companhia, provavelmente motivada pelo atual nível de alavancagem financeira.
A decisão pode ser interpretada como um movimento prudente, dado o ciclo recente de investimentos intensivos realizados pela empresa — especialmente em projetos estruturantes como o Projeto Puma II, que exigiram volumes significativos de capital e elevaram temporariamente o seu endividamento.
Apesar da alteração na política, os números do quarto trimestre de 2024 mostram que a empresa manteve uma boa distribuição de proventos. No período, a Klabin distribuiu aproximadamente R$ 425 milhões entre dividendos e JCP, o que resultou em um dividend yield anual de 6,2% — um crescimento em relação aos 5,8% registrados em 2023.


O Que Isso Significa para o Investidor?
A redução na política de dividendos não necessariamente indica um enfraquecimento da empresa. Pelo contrário: pode sinalizar uma prioridade estratégica na redução do endividamento, o que tende a fortalecer os fundamentos no médio e longo prazo.
Para investidores focados em renda passiva, a mudança pode parecer um revés. No entanto, para os que têm uma visão de longo prazo e valorizam a saúde financeira da companhia, essa alteração pode representar uma postura responsável e alinhada com a sustentabilidade do negócio.
Klabin e o Preço Teto: Até Quanto Vale a Pena Pagar Pela Ação?
Se você acompanha a Klabin ou está de olho em boas pagadoras de dividendos, talvez esteja se perguntando: "Qual o preço justo para comprar ações da empresa hoje?" Para ajudar nessa decisão, podemos usar um conceito chamado preço teto — ou seja, o valor máximo que um investidor deve pagar por uma ação se quiser garantir uma determinada rentabilidade com os dividendos.
Entendendo a Base: EBITDA e Dividendos
A Klabin anunciou uma nova política de dividendos, reduzindo o valor que distribui aos acionistas. Antes, ela pagava entre 15% e 25% do seu EBITDA Ajustado (que é uma medida de lucro operacional). Agora, a empresa pretende distribuir entre 10% e 20%.
O motivo provável? Alta alavancagem (ou seja, dívida elevada) por conta de grandes investimentos recentes. A empresa agora busca reduzir essa dívida, o que é positivo no longo prazo — mas isso significa que os dividendos podem diminuir no curto prazo.
Em 2024, a Klabin registrou um EBITDA Ajustado de aproximadamente R$ 7,33 bilhões. A partir desse número, dá pra estimar quanto a empresa pode pagar de dividendos no futuro, e com isso, calcular o tal preço teto.
Cálculo do Preço Teto da Klabin
Vamos imaginar três cenários, considerando que a empresa distribua 10%, 15% ou 20% do seu EBITDA como dividendos.
E mais: vamos assumir que você quer um retorno mínimo de 6% ao ano com esses dividendos (dividend yield de 6%).
Veja o resultado:


Como usar essa informação?
Se você busca ações que paguem bons dividendos, o ideal é comprar quando o preço da ação estiver abaixo do preço teto. Por exemplo:
Se a ação da Klabin (KLBN11) estiver custando R$ 3,00, e você acredita que a empresa seguirá distribuindo 15% do EBITDA, então ela ainda está atrativa (pois o teto seria R$ 3,25).
Agora, se a empresa continuar pagando só 10%, talvez seja melhor esperar o preço cair mais.
